Este é o blog oficial do jornalista, assessor de imprensa, palestrante e escritor Rodrigo Capella

domingo

Prefácio do livro "Como mimar seu cão"


Amigos, atendendo a pedidos, eu publico abaixo o prefácio do meu livro "Como mimar seu cão". O prefácio foi escrito pelo premiado cineasta Carlos Reichenbach:


Foi por causa de uma fotografia da Brida, a adorável "Bichon Bolonhês" que divide a cama comigo e a minha mulher, dormindo sempre em baixo dos meus pés, que o autor do livro sugeriu meu nome para esta orelha.
Minha cumplicidade canina começou logo cedo, dos três aos nove anos de idade, compartilhando uma amizade mais que fraterna com Taro, um velho boxer adorável e babão, dissimuladamente carrancudo.

Taro não só me defendia das agressões habituais dos "amiguinhos" mais afoitos e valentes como ainda tomava as minhas dores e culpas pelas travessuras cotidianas. Quando eu não queria comer o bife de fígado ou o creme de espinafre que minha mãe insistia em incluir no meu cardápio semanal, era Taro quem "limpava o prato" às escondidas. Flatulências naturais, advindas da ingestão de batata doce e repolho azedo, também eram assumidas pelo gentil Taro, já que o glutão e obeso boxer era, por seu lado, perito em tal prática.

Até as minhas cuecas sujas eram "culpa" de Taro. Que amigo fabuloso este! Quando ele morreu, descobri que eu poderia morrer também e tenho certeza que neste dia o mundo perdeu a inocência.De lá até os meus atuais 59 anos são mais de 40 ou 50 "irmãos de universo" acolhidos no erário da memória.

Entre eles, Charuto, o boxer bastardo de cor preta, que quebrou a mandíbula no traseiro de um ladrão que invadiu a casa do meu pai, no final dos anos 50; Pinga e Conhaque, um majestoso e brincalhão casal de "dinamarqueses"; Toy, o cocker spaniel inglês, de sobrenome suntuoso e pedigree refinado, meu parceiro e confidente do curso ginasial; de Bambina, uma pequinês temperamental, que tinha o péssimo hábito de avançar nas minhas futuras namoradas; de Julie, a poodle-toy, que morreu de enfisema na época em que eu fumava três maços de cigarro por dia....


É engraçado, só agora me dou conta de que posso falar cobras e lagartos de certas ex-namoradas e amigos ressentidos, mas não consigo ter sequer uma lembrança ruim de qualquer amigo canino.


Acho que apliquei com eles todas as lições sugeridas neste livro, embora eu continue tendo a impressão de que não é bem (ou só) de cachorros que Rodrigo Capella esteja falando.

Carlos Reichenbach