Este é o blog oficial do jornalista, assessor de imprensa, palestrante e escritor Rodrigo Capella

sábado

Um outro poema....



Caramba
Por Rodrigo Capella*

Inclinação, moda antiga,
Passando do entrelaço,
Ditar essa cantiga,
Quanta preguiça.

Olhos do avesso,
Penso esperança,
No andar ditongo,
Vejo a crença.

O primor na barreira
Entre avanços e sonhos,
Passo a fronteira,
Entre carros e carroças,
Toque de pirraça.

Caramba, o que eu estou falando?
Não sei, vou embora.
Já deu a minha hora!
(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Enigmas e Passaportes", "Como mimar seu cão" e "Transroca, o navio proibido".

segunda-feira

Amores Colados


Por Rodrigo Capella*

Toques de dedos sublimes,
afincos sem medo de ter,
amores colados,
a pureza, os olhares,
vivenciados.

Toques de mãos brilhantes,
lábios ao encontro das pétalas,
olhos observam olhares,
malícias, ardentes, cantam,
o que pode ser eterno.

Toques de lábios colossais,
entre vento leve e cadenciado,
entre o encontro de brechas.

Não palpitava o furor,
carregado hesitação,
o momento exige,
toques de órgãos geniais.

(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Como mimar seu cão" e "Enigmas e Passaportes". E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

quinta-feira

Poema inédito



Cálice 2006

Por Rodrigo Capella*

Acenaram-me da calçada,
era um cálice de vinho,
com lenço branco e úmido,
sorriso nas hastes,
pedia amor.

Sonhador, como sou, imaginei-me em seus braços.
beijando-lhe o rosto,
enroscando-me aos lados.

Apertando-lhe os lábios,
desejando-me pudor.
Ah! Que vontade de amar,
tocar e ser desejado.

Que vontade de ser amado,
de acordar e dividir o lençol,
de tomar café com meu cálice.

Ah! Acho que eu seria mais feliz,
seria um homem completo.

Sem perder a esperança,
eu aceno para o cálice,
e ele se vai.

Admiro-o com um simples olhar,
acho que acabei de me apaixonar.


(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de vários livros, entre eles "Como mimar seu cão", "Enigmas e Passaportes" e "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para os cinemas pelo cineasta Ricardo Zimmer. E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

segunda-feira

Cronópios publica conto


Amigos, o site Cronópios, comandado por Edson Cruz, publicou o meu conto "Meu Cachorro Zé fuma charuto cubano". Vale dar uma conferida: www.cronopios.com.br

domingo

Um novo poema


Essência

Por Rodrigo Capella*

Sangue de minh’ ama,
Adormecida e cansada,
Aos passos corridos,
Aos ventos do nada.


Estão presente e ausente,
Num mundo distante,
Correndo e lutando,
Ao mundo, cantando.


Se queres falar,
A vida intensa,
A morte, vivência
Aqui, essência.


(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de vários livros, entre eles "Como mimar seu cão", "Enigmas e Passaportes" e "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para os cinemas pelo cineasta Ricardo Zimmer. E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

quarta-feira

Um mini-conto canino, auauaua.....

Um cachorro super-homem


Por Rodrigo Capella*


Estava quase fechando as pálpebras, no luar quase cheio, quando Brutus caminhou em direção á larga varanda. Sem titubear, o meu companheiro de três anos enfiou o pescoço pela grade e deu um grande pulo, rumo ao degrau debaixo.

Meu coração batia de tanta dor, sentia lágrimas caindo no rosto e um homem quase maduro, mas incapaz de impedir que seu cão desse um vôo.

Desci as escapas em pranto, sem conversar com os vizinhos e lá, estendido no chão, meu yorkshire estendia a patinha em minha direção,

como se quisesse colo, como se quisesse proteção,
depois de um vôo quase


mortal.


(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Como mimar seu cão". E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

segunda-feira

Homenagem aos 50 anos de minha mãe


Para minha mãe

Por Rodrigo Capella*

Oxigênio fluindo
em veias afins
percalços de mentes hilárias,
ao encontro do nada.

Sentimentos perdidos,
Aos poucos não sou,
Você,
Me deu a luz,
Me guiou.

Completas meio século,
De glórias,
Eternas.

Sustentando,
Árduo trabalho,
Pouco,
Atalho.

Dedicação,
Suprema aos berços,
Repletos,
Laços de lágrima,

Em poucas palavras,
Perdido estou,
Igual aos meus sentimentos.

Procurando gestos, palavras e sons,
Para resumir ares,
Mesmo que eles sejam superiores
A minha própria intenção.



(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Enigmas e Passaportes" e "Transroca, o navio proibido". E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

Coluna Cesar Giobbi, O Estado de S. Paulo, de 09 de janeiro

"Rodrigo Capella, que terá seu livro Transroca, o navio proibido, adaptado para o cinema pelo cineasta Ricardo Zimmer, está escrevendo a biografia do cineasta Ricardo Pinto e Silva, para a Coleção Aplauso".

domingo

Um poema para meus pais


Não!

Por Rodrigo Capella*

O presente é triste e cruel,
Uma estrela a sumir,
Entre nuvens a cair,
O mar, a terra, o som,
Cada um tem o seu tom.


Queria ser biólogo,
Minha mãe apoiou,
Meu pai ignorou,
Tentei a matemática,
Foi triste, faltou eficácia.


Persistência, eu tive,
Não deu resultado,
Calado, magoado,
Sem resistência.


Fiz jornalismo,
perfeccionismo, vaidade,
caramba, quanta verdade.



(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Como mimar seu cão", "Enigmas e Passaportes" e "Transroca, o navio proibido". E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

sexta-feira

Um novo conto

Meu cachorro Zé fuma charuto cubano

Por Rodrigo Capella*

Brutus, o meu yorkshire, abandonou-me definitivamente. Pediu férias de um mês e foi viajar para Cuba. Não sei se ele volta. Antes de partir, o quadrúpede fez uma exigência. Pediu que eu abrigasse o seu velho pai, o cachorro Zé, que atualmente desfruta de seus 16 anos bem latidos. Auauauau....


Não agüento mais! É Zé pra tudo que é lado. Zé na política, Zé na portaria, Zé na banca de jornal, Zé que late. Caramba, o nome do meu pai também é Zé. O velho apareceu com uma pedra no rim e morreu de tanto urinar sangue. Acho que foi pra pagar todos os pecados. Agora, um novo Zé está na minha casa. Pelo menos, esse não ronca.

Os primeiros dias de convivência foram até que foram harmoniosos. Cachorro Zé se queixou de algumas dores, mas logo se aquietou. Cismou que queria uma roupa nova e lá fomos nós até o shooping mais próximo de casa. Detalhe: gastei quase um tanque de gasolina e o orelhudo nem se ofereceu para dividir os custos.

Ao longo dos dias, descobri que meu novo companheiro tinha uns hábitos pra lá de estranhos. Ele nem parecia um cachorro! Zé fumava charuto da melhor qualidade, cubanos, é claro. Bebia vinho francês e ainda passava horas na frente do espelho, testando os lançamentos do ramo de cosmético francês. Deitava na varanda e ficava tomando sol, observando as nuvens, torcendo pela chuva.

O cão gostava de andar no parque, conhecer novas cachorrinhas e correr um pouco para chamar a atenção das orelhudas. Comeu cachorro-quente, bebeu refrigerante e se lambuzou com o sorvete de morango, coberto por cerejas. Demos mais algumas voltas em torno do lado, acompanhando o trajeto feito pelos patos. Zé se mostrou cansado e com sono. Não perdeu tempo, atirou-se no meu colo e dormiu feito uma criança, sem latir e sem fazer a oração. Tive que levá-lo pra casa, como se carregasse um saco de feijão.

O cachorro Zé amanheceu com algumas dores, pelo corpo inteiro. Achei que fossem resultado do grande desgaste físico de ontem. Mas, me enganei feio. Fomos ao hospital e o médico recomendou um remédio, caro pra caramba, acho que dava pra comprar toda a nova coleção do Playmobil. Zé estava com pedra no rim e não parava de urinar sangue.

Durante os dias seguintes, as dores eram cada vez mais fortes e Zé mal conseguia se mexer. Voltamos ao hospital e o médico sugeriu que Zé parasse de fumar charutos cubanos. O cachorro não gostou da orientação e fomos pra casa. Lá, o orelhudo acendeu dois charutos e colocou ambos na boca. Ligou a televisão e se divertiu com as aventuras do Scooby Doo. Monstros, fantasmas, sustos e alegrias no final do desenho. Zé abriu um sorriso e aplaudiu.

Não se conteve, abrindo uma garrafa de vinho, acho que pra comemorar a boa performance do detetive Scooby. Encheu uma taça, sem que o líquido transbordasse. Soltava fumaça e tomava um gole. Fez isso durante a noite inteira, durante vários dias, durante anos, sem remorso, sem culpa, sem pensar no futuro e sem lembrar do passado. Fez isso até que fechasse os olhos definitivamente.

Brutus nunca mais voltou. Decidiu ficar em Cuba, namorando alguma cachorrinha de lá. De vez em quando, recebo umas cartinhas, com fotos e tudo mais. Nunca me dei ao trabalho de respondê-las. Brutus deve estar fumando charuto cubano, bebendo vinho francês, andando pelos parques, seguindo os patos, observando as nuvens, torcendo pela chuva.


(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Enigmas e Passaportes", "Transroca, o navio proibido" e "Como mimar seu cão". E-mail: contato@rodrigocapella.com.br