Este é o blog oficial do jornalista, assessor de imprensa, palestrante e escritor Rodrigo Capella

segunda-feira

Em ano de Copa do Mundo, eu faço contagem regressiva para o Natal.....

Cupim de Natal

Por Rodrigo Capella*

A árvore piscava com tal fervura, bolas brancas e vermelhas davam o realce, enfeites de laços e cavalos carregavam ternura, no olhar da criança.

Piscava num ritmo prolixo, fixamente olhava o enfeite mais alto, era um papai noel no topo da árvore, despertando nuança no olhar meigo.

A criança, enfeitiçada estava, a admirar o falso real, a crer que papai noel iria, descer da árvore e dá-lhe, um beijo no rosto.

Observava a árvore diariamente, como se buscasse um algo mais, percorria ao redor dos galhos, sentia o perfume vago.

Fixava os olhos atrás da árvore, abria e fechava a porta do armário, passava a mão num furo, feito por cupim.
Observava a árvore, canto por canto, estava quase aos prantos, queria ver se o furo, ia contaminar os enfeites, derrubar os galhos, estragar papai noel e paralisar os cavalos.


(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Enigmas e Passaportes", "Como mimar seu cão" e "Transroca, o navio proibido". E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

sábado

Ganhe Livros

O Cineminha sorteia dois exemplares do livro Transroca, o navio proibido, de Rodrigo Capella. A obra vai ser adaptada para o cinema pelo cineasta Ricardo Zimmer, diretor de "Catarina" e "O Exército de Um Homem Só". Para concorrer, clique aqui

Os filmes da minha vida

O filme só é bom quando me surpreende e acrescenta elementos novos ao meu estilo de vida. Não gosto de assistir películas que são inertes aos acontecimentos socioculturais e priorizam a ficção absurda a la "Missão Impossível". Os gêneros dos filmes listados abaixo variam desde a uma boa comédia ao suspense bem construído. Você já assistiu a algum deles?

"Uma Mente Brilhante" (2001):
Com roteiro de Akiva Goldsman, o diretor Ron Howard traz aos cinemas a história de um matemático, muito bem interpretado por Russell Crowe. A arquitetura se faz dinâmica do início ao ápice da trama, ora apresentando elementos reais, ora sobrepondo-os aos ideais surrealistas de um homem que supera obstáculos, retorna à sociedade e vence o prêmio Nobel de Matemática. Filme vencedor de quatro Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor.
Diretor: Ron Howard.
Roteiro: Akiva Goldsman.


"O Colecionador de Ossos" (1999):
O melhor suspense de todos os tempos, deixando para trás clássicos como "Seven - Os Sete Crimes Capitais" e "Efeito Borboleta". Todo cuidado é pouco para a dupla Denzel Washington e Angelina Jolie, que correm contra o tempo para estudar pistas e solucionar uma série de crimes bem executados. Respire fundo e prepare-se. "O Colecionador de Ossos" vai lhe oferecer momentos de fortes batimentos cardíacos.
Diretor: Phillip Noyce
Roteiro: Jeremy Iacone.


"Garotas do ABC" (2004):
Película do premiado diretor Carlos Reichenbach, "Garotas do ABC" aborda temas polêmicos e não-digeridos pela sociedade ao narrar com força as aventuras de Aurélia e seu namorado Fábio Tavares. Racismo, drogas e dependência sexual são apresentados por novos ângulos, sem fugir da realidade tal como ela é e, por muito tempo, será.
Diretor: Carlos Reichenbach
Roteiro: Carlos Reichenbach e Fernando Bonassi.


"Dona Flor e seus dois maridos" (1976):
Divertimento constante, com belas cenas e piadas sem cortar bruscamente as seqüências. Sensual e inovador, ao ressuscitar um morto, o longa de Bruno Barreto mereceu uma grande bilheteria. Até hoje, "Dona Flor e seus dois maridos" é estudado nas academias e lembrado por quem realmente gosta de cinema brasileiro.
Diretor: Bruno Barreto.
Roteiro: Bruno Barreto, Eduardo Coutinho e Leopoldo Serran.


"Gabriela" (1983):
Muito sexy, Sonia Braga brilha nesse outro filme de Bruno Barreto. O longa faz uma análise precisa sobre o coronelismo brasileiro, apresentando o luxo da sociedade do início do século XX, composta por intelectuais, mas também por trambiqueiros, prostitutas e outros personagens ofuscados.
Diretor: Bruno Barreto.
Roteiro: Bruno Barreto, Flávio R. Tambellini e Leopoldo Serran.


"E.T." (1982):
Não gosto de filmes muito ficcionais e sem realidade, mas a forma como foi trabalhado caracterizou "E.T". como uma película de sentimentos e aventuras inteligentes, levando-me a reservar um espaço na estante para esse surpreendente e genial longametragem, o melhor de Steven Spielberg.
Diretor: Steven Spielberg.
Roteiro: Melissa Mathison.


"Tomates Verdes e Fritos"
Com uma história comovente e reflexiva, "Tomates Verdes e Fritos" é o típico filme de transformação. Mulher deprimida e seguindo a mesma rotina procura um algo mais e, em poucos dias, torna-se uma outra pessoa. Essa película poderia ser um filme comum, mais um em nossa estante, mas o diretor Jon Avnet propõe um novo tom e joga com a câmera proporcionando bons momentos, principalmente nos flash backs.
Diretor: Jon Avnet.
Roteiro: Fannie Flagg e Carol Sobieski.


Créditos: Você deve ter estranhado o fato de eu não citar pelo menos um filme de Alfred Hitchcook. Regados á suspense e adrenalina, eles encabeçariam as listas dos principais críticos especializados em cinema. Concordo com esses profissionais, mas o mestre tem, pelo menos, dez obras-primas e não se pode priorizar uma em detrimento da outra.

quarta-feira

Hum......


Caramba! Meu número da sorte mudou...

Por Rodrigo Capella*

Certa vez, ao abrir o armário de meu quarto e pegar uma peça de roupa, ouvi uma mensagem de alerta: "cartorze, catorze, catorze". Logo, adotei-o como meu número da sorte e até fiz um poema para homenageá-lo: "número da voz me disse / apesar da crença/ acredito na presença".

Carreguei esse número por mais de dez anos, apostando várias vezes na loteria e perdendo uma boa quantia em dinheiro. Fazia isso porque tudo me remetia ao número 14: a soma das letras de meu nome, o título da última novela das oito, uma frase dita pelo diretor Alfred Hitchcock.

Bastou um fim-de-semana em Barra Bonita para tudo isso mudar. Acompanhado por minha namorada, cheguei no dia 21 de abril e me hospedei no aconchegante Hotel Vitória, a poucos passos da Rodoviária. A recepcionista entregou-nos a chave do quarto 11. Guardamos as roupas e fomos almoçar, num restaurante que oferecia rodízio de carne. Lá, sentamos na mesa 11 e fomos muito bem atendidos.

Á tarde, retornamos ao Vitória para apanhar a máquina fotográfica e tirar algumas fotos da ponte Campos Salles, que em muito me lembrava a Hercílio Luz, imponente em Florianópolis (SC). Andando pelo calçadão, similar ao de Santos (SP), apreciamos o ar puro e atravessamos a rua para dar uma espiada na feirinha, que me remetia ás boas barras espalhadas pelo Masp, em São Paulo (SP). Comprei uma caneta e uma lapiseira ao custo de R$ 3, um interessante galo que mede a temperatura e uma camiseta da cidade para minha mãe.

Fomos em frente e andamos até encontrar o pedalinho, em forma de patos, e o teleférico, que nos levou ás alturas. De ponta a ponta, da rodoviária ao teleférico, Barra Bonita mostrou-se encantadora e sua população muito prestativa ao indicar os pontos turísticos com alegria.

Á noite, jantamos na Pizzaria Pizza & Tal para participar do lançamento do livro Além das Letras, organizado pelo amigo e poeta Sérgio Grigoletto. A mesa indicada pelo garçom foi a 11. Novamente, esse número insistia em aparecer. Pedimos uma pizza de queijo e presunto, comemos petiscos e experimentamos um delicioso vinho. Bem que a conta poderia ter dado 11 reais.

No dia seguinte, 22 de abril, fizemos o tradicional passeio de barco, conhecendo a casa de D. Pedro, as eclusas e algumas músicas sertanejas, que deveriam tocar em São Paulo. Na volta, corremos até a Rodoviária a fim de comprar duas passagens, as únicas á venda. Minha namorada escolheu uma, e fiquei com a restante. Impressionante! Adivinha qual era o número da poltrona?
(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Transroca, o navio proibido", que será adaptado para os cinemas. Já adotou o 11 como novo número da sorte e espera ganhar na loteria. E-mail: contato@rodrigocapella.com.br.

domingo

Enquete


Por que lemos pouco?

Por Rodrigo Capella*

O brasileiro lê, em média, um livro por mês. Não se trata de uma estatística precisa, mas sim de um número calculado após muita observação.

Justificando: o tempo para lazer é relativamente curto e as pessoas têm poucos minutos para se dedicar á leitura e absorver os conhecimentos escritos, que podem ir desde a uma palavra nova até curiosidades sobre a vida de personagem históricos.

Nessa pressa do mundo globalizado, não é raro, portanto, encontramos homens e mulheres olhando fixamente para o livro enquanto se penduram num ônibus lotado ou devorarem páginas e páginas na sala de espera do dentista ou ainda sentarem no banco da praça e dedicarem algum tempo do almoço para virar duas páginas e interpretar algumas figuras.

O esforço é louvável, embora insuficiente. Na Europa, lê-se três livros por mês, totalizando trinta e seis ao ano, um número bem expressivo perto da marca brasileira que, quando muito, chega aos doze anuais.

Por que o brasileiro lê pouco? A preguiça é o principal fator e, normalmente, vem associada ao desinteresse pela leitura. Como desculpa, dizem que o tempo para lazer é curto. A população e os críticos literários assimilaram essa informação com tal força e sustentam como se ela fosse verdadeira, enganando a todos e estagnando um processo vicioso.

Está na hora de uma verdadeira revolução no mundo das letras, com propostas e metas bem definidas. O livro deve estar sempre ao lado do abajur, na mesa da sala, do lado do computador. Ele, em poucas palavras, deve ser incorporado ao cotidiano dos brasileiros.

Motivo: a leitura estimula a imaginação, auxilia o homem a buscar soluções para os problemas do mundo e, de quebra, constrói um país de leitores, característica que, infelizmente, anda muito em falta por aqui e dificilmente será mudada.

A preguiça agradece e parece estar enraizada no povo brasileiro, que sonha em ser primeiro mundo, mas esquece que a transformação começa no primeiro parágrafo de um livro.

(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de vários livros, entre eles "Como mimar seu cão" e "Transroca, o navio proibido", que será adaptado para os cinemas.