Este é o blog oficial do jornalista, assessor de imprensa, palestrante e escritor Rodrigo Capella

segunda-feira

Pelo fim das Olimpíadas, já!



Por Rodrigo Capella*


Nem começou direito e eu não agüento mais. É Ronaldo pra cá, Dunga pra lá e o Galvão falando “bem amigos da Rede Globo”. Como se não bastasse ainda tem: trânsito nas avenidas, ambulantes chatos vendendo camisetas “meia boca” da seleção brasileira e vinte e dois homens pisando em cima de uma grama até então bem conservada.


O circo da Olimpíada é entediante e me incomoda mais do que três elefantes gordos e barulhentos. A única coisa que presta, nessa época de jogos, são os livros que tocam, levemente ou profundamente, em alguma linha das Olimpíadas. Conteúdo interessante, bem escrito e até certo ponto envolvente.


Não que esse tipo de assunto me agrade, mas irrita menos do que assistir a um jogo de futebol, basquete etc, por melhor que ele seja.


Acho que peguei o virus anti-futebol, anti-Olimpíada, anti-jogos que escondem as desigualdades sociais. Gostaria que essa maldita competição tivesse um fim imediato. Justificando: a Olimpíada não vai mudar o país, não vai melhorar a nossa qualidade de vida.Ah! Que vida. Que tédio. Vou fechar as janelas, desligar a TV, ler um livro. Página a página, descubro-me um E.T, isolado num mundo que poucos conhecem: o da leitura.

Digo e repito: precisamos mudar essa realidade. E isso só vai ocorrer com um programa baseado no conceito de letramento. Justificando: a pessoa toma gosto pela leitura somente quando entende o que está lendo e constrói mentalmente os cenários descritos, envolvendo-se com cada uma das páginas, letra a letra.

Esse contexto, embora óbvio e essencial, está presente em menos de 10% das escolas e universidades brasileiras, segundo dados que obtive junto a profissionais dessa área. A explicação: na maioria das instituições, crianças e adolescentes são submetidos a tarefas desgastantes, principalmente a de ler livros difíceis e, posteriormente, realizar uma prova sobre a história, conflitos e personagens apresentados.

Atividades como essa contribuem e muito para que, infelizmente, leitores traumatizados e angustiados se afastem definitivamente dos livros, por melhor que esses sejam. Fica claro, então, que a leitura, seja ela em âmbito escolar ou familiar, não deve ser obrigatória, e sim estimulada a todo instante.

Uma alternativa é deixarmos de lado as normas existente e desenvolvermos atividades associadas ao letramento, apresentado anteriormente. O método: professores e pais criam tarefas educacionais, como por exemplo, a encenação de um trecho do livro, e mostram, para as crianças e adolescentes, que a leitura é importante para despertar a criatividade, enriquecer o vocabulário, se escrever corretamente e até mesmo construir novas amizades.

Com essa postura, formamos leitores interessados em ultrapassar as fronteiras do conhecimento, em traçar metas ousadas e em devorar Machado de Assis, Sir. Athur Conan Doyle e as mais complicadas obras de Gabriel García Márquez. E o melhor: quem se apega aos livros, dificilmente consegue viver sem eles.

Boa Olimpíada a todos.

(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta e jornalista. Autor de vários livros, entre eles “Rir ou chorar”, “Poesia não vende”e "Transroca, o navio proibido", que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Informações: http://www.rodrigocapella.com.br/