Por Rodrigo Capella*
Esqueça, por um momento, todas as tradições indianas e tente não se influenciar com a novela “Caminho das Índias” (TV Globo). Esta coluna convida você a conhecer uma outra Índia – totalmente diferente daquela a que você está acostumado a ver. Por isso, uma desintoxicação se faz preciso – e como!
Tente também não prejulgar e não comparar os elementos que serão apresentados aqui – deixe isso por conta do autor da coluna. Mas, atenção: abra sua mente e deixa-a livre para assimilar e armazenar informações modernas, como as trazidas, por exemplo, no livro “Sua resposta vale um milhão”, o primeiro do indiano Vilkas Swarup.
Nesta bela obra, traduzida para 37 países antes mesmo da premiação no Oscar – melhor roteiro adaptado -, é narrada a história de um indiano pobre que se consagra ao responder perguntas de um programa televisivo. O diferencial do livro está justamente na condução da história de Swarup: o jovem indiano viaja por cidades e protagoniza momentos – bons e ruins -, que o ajudam e muito a responder as questões.
Já no filme “Quem não quer ser um milionário?”, baseado no livro sob a direção de Danny Boyle, a miséria e pobreza mostradas na obra impressa são acentuadas, com cenas que retratam o cotiano das pessoas que habitam favelas. A opção é justificada: o direto inglês sempre gostou de causar polêmicas e de aumentar algumas delas. É dele, por exemplo, o filme “Trainspotting” (1996), que narra a vida de um grupo viciado em heroína. Durante o lançamento do longa, Boyle foi acusado de promover o sua das drogas e foi recriminado por autoriadades, incluindo o então senador Bob Dole.
O fato é que as palavras e atitudes adversárias não abalaram Boyle. Em “Quem não quer ser um milionário?”, alguns outros aspectos são destacados, como a violência. Ganha mais importância, por exemplo, o fato de adultos maltratarem algumas crianças, feriando-as, já que as deficientes tinham mais chance de obter esmola nas ruas. O personagem principal – o jovem indiano – poderia ter este fim, mas foi salvo a tempo pelo irmão.
Ao optar por uma abordagem como esta, Boyle faz de “Quem não quer ser um milionário?” um filme sobre destino, destacando que o jovem estava predestinado ao sucesso, enquanto o livro de Swarup foca em sorte e consequência, ou seja, o fato do protagonista saber as respostas foi um mero acaso. Afinal, o rapaz não é culto e só armazenou o conhecimento necessário para triunfar porque vivenciou cada uma das respostas.
Há outros elementos que também estão em choque: na obra impressa, por exemplo, trechos da guerra entre Índia e Palestina são mostrados com uma certa riqueza. Já no filme, eles simplesmente não aparecem. Abordagem diferenciada ou falta de dinheiro para narrar este aspecto no filme? Difícil de se dizer, mas de Boyle pode-se esperar tudo. Nada do que ele faz é inconsciente ou prematuro, tudo tem um porque e merece ser respeitado.
Afinal, Boyle dirigu nada menos do que “Sunshine” (2007), longa que prevê o desaparecimento do Sol em 2057 e o fim de toda uma humanindade. A última esperança é uma nave especial que tem uma bomba atômica e poderá revitalizar o Sol. Alguém quer embarcar? Eu não recomendo!
(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta, jornalista e palestrante. Autor de vários livros, entre eles “Transroca, o navio proibido”, que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Mais informações: www.rodrigocapella.com.br
Esqueça, por um momento, todas as tradições indianas e tente não se influenciar com a novela “Caminho das Índias” (TV Globo). Esta coluna convida você a conhecer uma outra Índia – totalmente diferente daquela a que você está acostumado a ver. Por isso, uma desintoxicação se faz preciso – e como!
Tente também não prejulgar e não comparar os elementos que serão apresentados aqui – deixe isso por conta do autor da coluna. Mas, atenção: abra sua mente e deixa-a livre para assimilar e armazenar informações modernas, como as trazidas, por exemplo, no livro “Sua resposta vale um milhão”, o primeiro do indiano Vilkas Swarup.
Nesta bela obra, traduzida para 37 países antes mesmo da premiação no Oscar – melhor roteiro adaptado -, é narrada a história de um indiano pobre que se consagra ao responder perguntas de um programa televisivo. O diferencial do livro está justamente na condução da história de Swarup: o jovem indiano viaja por cidades e protagoniza momentos – bons e ruins -, que o ajudam e muito a responder as questões.
Já no filme “Quem não quer ser um milionário?”, baseado no livro sob a direção de Danny Boyle, a miséria e pobreza mostradas na obra impressa são acentuadas, com cenas que retratam o cotiano das pessoas que habitam favelas. A opção é justificada: o direto inglês sempre gostou de causar polêmicas e de aumentar algumas delas. É dele, por exemplo, o filme “Trainspotting” (1996), que narra a vida de um grupo viciado em heroína. Durante o lançamento do longa, Boyle foi acusado de promover o sua das drogas e foi recriminado por autoriadades, incluindo o então senador Bob Dole.
O fato é que as palavras e atitudes adversárias não abalaram Boyle. Em “Quem não quer ser um milionário?”, alguns outros aspectos são destacados, como a violência. Ganha mais importância, por exemplo, o fato de adultos maltratarem algumas crianças, feriando-as, já que as deficientes tinham mais chance de obter esmola nas ruas. O personagem principal – o jovem indiano – poderia ter este fim, mas foi salvo a tempo pelo irmão.
Ao optar por uma abordagem como esta, Boyle faz de “Quem não quer ser um milionário?” um filme sobre destino, destacando que o jovem estava predestinado ao sucesso, enquanto o livro de Swarup foca em sorte e consequência, ou seja, o fato do protagonista saber as respostas foi um mero acaso. Afinal, o rapaz não é culto e só armazenou o conhecimento necessário para triunfar porque vivenciou cada uma das respostas.
Há outros elementos que também estão em choque: na obra impressa, por exemplo, trechos da guerra entre Índia e Palestina são mostrados com uma certa riqueza. Já no filme, eles simplesmente não aparecem. Abordagem diferenciada ou falta de dinheiro para narrar este aspecto no filme? Difícil de se dizer, mas de Boyle pode-se esperar tudo. Nada do que ele faz é inconsciente ou prematuro, tudo tem um porque e merece ser respeitado.
Afinal, Boyle dirigu nada menos do que “Sunshine” (2007), longa que prevê o desaparecimento do Sol em 2057 e o fim de toda uma humanindade. A última esperança é uma nave especial que tem uma bomba atômica e poderá revitalizar o Sol. Alguém quer embarcar? Eu não recomendo!
(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta, jornalista e palestrante. Autor de vários livros, entre eles “Transroca, o navio proibido”, que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Mais informações: www.rodrigocapella.com.br