O escritor e poeta Rodrigo Capella recebe cada vez mais visitas internacionais em seu site (http://www.rodrigocapella.com.br/), principalmente de países como França, Portugal, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. Até o momento, já foram 42.000 page-views internacionais em 2008, um aumento de 75% em relação ao ano passado. Capella é autor de vários livros, entre eles de “Transroca, o navio proibido”, que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer.
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Por Rodrigo Capella*
Que eu adoro animais de estimação, principalmente, os cachorros, isso todo mundo sabe. Só cães, tenho dois. Brutus, seis anos, é um yorkshire. Alemão, três anos, é um poodle brincalhão e sapeca. Não foi à toa, então, que o livro “Todos os cachorros são azuis”, de Rodrigo de Souza Leão, conquistou-me logo pelo título.
É lógico: pensei, de imediato, em pintá-los para dar uma alegria, um algo mais. Cachorros pretos e cinzas são chatos e sem graça. Canalhas! Os azuis devem ser mais divertidos. Peguei uma cerveja na mão direita; o livro na esquerda, como faço sempre, e abri, sem querer, na página 61: “por que putas são carentes e precisam de tanto amor? Eu não gosto muito de putas”.
Poesia marginal? Talvez! Mas, o mérito do autor está justamente em provocar com sabedoria e ainda fugir dos rótulos. Engana-se, portanto, quem tentar enquadrá-lo em qualquer tipo de prosa ou verso. Souza Leão tem traços sem limites, que brincam com o leitor, sem que o leitor perceba disso: “outro grito de terror. Roubaram-me alguns folhetinhos crentes e mais mil dólares. Eu começava a desconfiar de minha sombra”.
Traços que parecem transmitir um sentimento sobrenatural de buscar outros elementos e também de querer simplesmente se expressar, procurando sentimentos cotidianos, tão notórios e simples: “o que é solidão? É viver sem obsessões. Mas na vida às vezes a gente tem que escolher entre esmurrar a ponta de uma faca ou se deixar queimar no fogo”.
Virando mais algumas páginas, o personagem se revolta e desabafa: “fui obrigado a estar aqui. Não queria vir. Não quero ficar, porra!”. E, é claro, provoca: “no mundo de fora, procuro no obituário todo dia meu nome. Já decici: não quero ir ao meu enterro. Como será o céu dos objetos?”.
Como será? Não sei. Mas, posso dizer que livros como esse já nascem bons, antes mesmo de memorizarmos todo o conteúdo. Desafiar as regras literárias e gramaticais não é para qualquer um. Só poucos – como Souza Leão – as conhecem e sabem quebrá-las com elegância. Viva os cachorros!
(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta e palestrante. Autor de vários livros, entre eles “Transroca, o navio proibido”, que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br
Que eu adoro animais de estimação, principalmente, os cachorros, isso todo mundo sabe. Só cães, tenho dois. Brutus, seis anos, é um yorkshire. Alemão, três anos, é um poodle brincalhão e sapeca. Não foi à toa, então, que o livro “Todos os cachorros são azuis”, de Rodrigo de Souza Leão, conquistou-me logo pelo título.
É lógico: pensei, de imediato, em pintá-los para dar uma alegria, um algo mais. Cachorros pretos e cinzas são chatos e sem graça. Canalhas! Os azuis devem ser mais divertidos. Peguei uma cerveja na mão direita; o livro na esquerda, como faço sempre, e abri, sem querer, na página 61: “por que putas são carentes e precisam de tanto amor? Eu não gosto muito de putas”.
Poesia marginal? Talvez! Mas, o mérito do autor está justamente em provocar com sabedoria e ainda fugir dos rótulos. Engana-se, portanto, quem tentar enquadrá-lo em qualquer tipo de prosa ou verso. Souza Leão tem traços sem limites, que brincam com o leitor, sem que o leitor perceba disso: “outro grito de terror. Roubaram-me alguns folhetinhos crentes e mais mil dólares. Eu começava a desconfiar de minha sombra”.
Traços que parecem transmitir um sentimento sobrenatural de buscar outros elementos e também de querer simplesmente se expressar, procurando sentimentos cotidianos, tão notórios e simples: “o que é solidão? É viver sem obsessões. Mas na vida às vezes a gente tem que escolher entre esmurrar a ponta de uma faca ou se deixar queimar no fogo”.
Virando mais algumas páginas, o personagem se revolta e desabafa: “fui obrigado a estar aqui. Não queria vir. Não quero ficar, porra!”. E, é claro, provoca: “no mundo de fora, procuro no obituário todo dia meu nome. Já decici: não quero ir ao meu enterro. Como será o céu dos objetos?”.
Como será? Não sei. Mas, posso dizer que livros como esse já nascem bons, antes mesmo de memorizarmos todo o conteúdo. Desafiar as regras literárias e gramaticais não é para qualquer um. Só poucos – como Souza Leão – as conhecem e sabem quebrá-las com elegância. Viva os cachorros!
(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta e palestrante. Autor de vários livros, entre eles “Transroca, o navio proibido”, que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br