Uma vida dedicada à imagem
Rodrigo Capella
Percorrendo o corredor que liga a garagem de sua casa ao pequeno jardim, Boris Kossoy observa a mobília muito bem conservada, alguns porta-retratos com fotos da família e uma curiosa televisão, que reproduz as imagens de uma câmara instalada perto do portão de sua casa. O historiador praticamente não pisca diante da pequena tela, fixando os olhos nos carros em movimento e nas pessoas que andam na calçada em frente a sua residência, num bairro calmo de São Paulo. É o olhar treinado, sempre apto a encontrar elementos interessantes na realidade, e astuto o suficiente para projetar ficção.
Numa mesa ao ar livre do quintal, ele conta sua trajetória pelo universo fotográfico. Tudo começou com um disco voador e com a ideia de que os extraterrestres realmente habitam um outro planeta. Explica-se: impressionado com uma falsa reportagem, publicada, na década de 50 pela extinta revista O Cruzeiro, que alertava sobre a existência de objetos voadores não identificados na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Boris criou uma fotografia ousada.
Uma linha fina e quase transparente foi amarrada a um botão de roupa, que puxado para cima sobrevoava a mesa, como se um verdadeiro disco fosse. Sem a ajuda de parentes e amigos, o professor eternizou esse momento e mostrou a fotografia para que os colegas de escola a avaliassem. O resultado foi positivo. Houve até quem dissesse que Boris tinha o segredo do mundo nas mãos.