quarta-feira
O homem revoltado
Por Rodrigo Capella*
Albert Camus, filósofo francês, surpreendeu o mundo ao publicar, em 1951, o livro “O Homem revoltado”, que versava sobre o conceito da revolta alicerçado a um ponto de vista histórico. Uma das revoltas descritas pelo autor é classificada como Metafísica e pode ser descrita como o sentimento que o homem tem sobre a sua própria condição. Isso tudo é resumido em uma só palavra: frustração.
Essa frustração eu senti, recentemente, ao receber a notícia do Airbus A-320 da TAM, que derrapou ao pousar na pista principal do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, atravessou uma avenida movimentada e atingiu um prédio. Os mortos foram muitos!
Senti frustração porque o governo nada fez para melhorar esse aeroporto, para dar segurança aos operadores e nem para oferecer estabilidade aos passageiros. Senti frustração porque o jogo de empurra-empurra começou antes de se saber a real causa do acidente aéreo. É tudo um caos: governo, sociedade e a aviação brasileira.
Voltemos ao livro. De acordo com Camus, há, claramente, um caráter negativo na revolta metafísica: o “não”. Para dizer esse “não”, o autor explica que o homem precisa de um lado positivo e necessariamente de um estímulo.
O meu lado positivo no caso do recente acidente da TAM corresponde á necessidade de se fazer justiça, de culpar os irresponsáveis e de tornar o espaço aéreo mais seguro. Já o meu estimulo é a própria revolta, a frustração em seu estado mais claro e transparente.
Dito isso, sinto-me o próprio “homem revoltado” proposto pelo filósofo francês, acrescido de uma imensa energia para reivindicar os direitos, mas, principalmente, em sintonia com o pensamento de Camus: “ao protestar contra a condição naquilo que tem de inacabado, pela morte, e de disperso, pelo mal, a revolta metafísica é a reivindicação motivada de uma unidade feliz contra o sofrimento de viver e morrer”.
(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de livros como “Transroca, o navio proibido”, que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer, e "Poesia não vende". Mais informações: www.rodrigocapella.com.br
sexta-feira
Nas melhores livrarias
quinta-feira
Quero que o pan se dane!
O pan da literatura
Por Rodrigo Capella*
Sim, você entendeu certo. O título trata com irônia os Jogos Pan-americanos do Brasil. E digo mais: em vez de investir em educação, saneamento básico e diversificação dos livros, os governantes tupiniquins resolveram hospedar o maior evento das américas: os jogos panamericanos. É mole?
Vamos a alguns números: o Censo Escolar, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apontou que, em 2006, a educação básica brasileira recebeu 0,9% de matrículas a menos do que em 2005. Parece pouco, mas esse índice mostra que mais de 500.00 alunos deixaram de estudar no ano passado. E o que o governo fez? Preferiu investir no Pan.
Os jogos consumiram mais de R$ 5 bilhões, com a construção de estádios, complexos esportivos, centro nacional de tiro, centro de hipismo, campo de hóquei, piscinas e outras modernidades mais. É tudo um luxo só! Além disso, foram erguidos mais de mil apartamentos, localizados em 17 prédios. Por que não construíram escolas ao invés de prédios? Por que não construíram salas de literatura ao invés de centro de hipismo, só utilizado pela elite? Vai entender!
Um dado curioso: você sabia que o tradicional revezamento da tocha Pan-americana custou R$ 4,7 milhões, que foram pagos pelo Ministério do Esporte? E que um outro Ministério, o da Justiça, gastou R$ 562 milhões em infra-estrutura, equipamentos, inteligência e recursos humanos? Sabia? Pois é, e depois os governantes reclamam que falta dinheiro para investir em saúde, segurança e outras prioridades mais. Vai entender!
Além disso, o Pan terá 14 helicópteros e 10 motoplanadores, que consumiram um investimento de mais de R$ 50 milhões. As contas não param por aqui. O evento ainda terá algumas obras cujo valor ainda não foi contabilizado e alguns prejuízos que serão noticiados meses depois.
Estima-se que o Pan gere um retorno de mais de US$ 1 bilhão. Afinal, são 42 países participantes que contam com, aproximadamente, 5 mil atletas. É bastante gente! Pena que o investimento é desnecessário e se configura em um grande desperdício.
Invez de fazer os Jogos Pan-americanos, o Brasil poderia promover o Pan da Literatura, com uma melhor educação para o povo, baseada em uma ampliação da leitura e uma estimulação de novos leitores. A leitura deixa o povo mais culto e mais preparado para os desafios da vida. Pena que o governo brasileiro não saiba disso. Viva os Jogos Pan-americanos!
(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de livros como "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer, e "Poesia não vende", que traz depoimentos de Ivan Lins e Moacyr Scliar, entre outros. Mais informações: www.rodrigocapella.com.br
Por Rodrigo Capella*
Sim, você entendeu certo. O título trata com irônia os Jogos Pan-americanos do Brasil. E digo mais: em vez de investir em educação, saneamento básico e diversificação dos livros, os governantes tupiniquins resolveram hospedar o maior evento das américas: os jogos panamericanos. É mole?
Vamos a alguns números: o Censo Escolar, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apontou que, em 2006, a educação básica brasileira recebeu 0,9% de matrículas a menos do que em 2005. Parece pouco, mas esse índice mostra que mais de 500.00 alunos deixaram de estudar no ano passado. E o que o governo fez? Preferiu investir no Pan.
Os jogos consumiram mais de R$ 5 bilhões, com a construção de estádios, complexos esportivos, centro nacional de tiro, centro de hipismo, campo de hóquei, piscinas e outras modernidades mais. É tudo um luxo só! Além disso, foram erguidos mais de mil apartamentos, localizados em 17 prédios. Por que não construíram escolas ao invés de prédios? Por que não construíram salas de literatura ao invés de centro de hipismo, só utilizado pela elite? Vai entender!
Um dado curioso: você sabia que o tradicional revezamento da tocha Pan-americana custou R$ 4,7 milhões, que foram pagos pelo Ministério do Esporte? E que um outro Ministério, o da Justiça, gastou R$ 562 milhões em infra-estrutura, equipamentos, inteligência e recursos humanos? Sabia? Pois é, e depois os governantes reclamam que falta dinheiro para investir em saúde, segurança e outras prioridades mais. Vai entender!
Além disso, o Pan terá 14 helicópteros e 10 motoplanadores, que consumiram um investimento de mais de R$ 50 milhões. As contas não param por aqui. O evento ainda terá algumas obras cujo valor ainda não foi contabilizado e alguns prejuízos que serão noticiados meses depois.
Estima-se que o Pan gere um retorno de mais de US$ 1 bilhão. Afinal, são 42 países participantes que contam com, aproximadamente, 5 mil atletas. É bastante gente! Pena que o investimento é desnecessário e se configura em um grande desperdício.
Invez de fazer os Jogos Pan-americanos, o Brasil poderia promover o Pan da Literatura, com uma melhor educação para o povo, baseada em uma ampliação da leitura e uma estimulação de novos leitores. A leitura deixa o povo mais culto e mais preparado para os desafios da vida. Pena que o governo brasileiro não saiba disso. Viva os Jogos Pan-americanos!
(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de livros como "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer, e "Poesia não vende", que traz depoimentos de Ivan Lins e Moacyr Scliar, entre outros. Mais informações: www.rodrigocapella.com.br
sexta-feira
Dicas para escrever um livro
Por Rodrigo Capella*
Durante todos esses anos, a humanidade vem cultivando a idéia de que o homem precisa plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. A árvore você já deve ter plantado na escola, durante o primário, quando as “tias” (leia-se professoras) levavam os alunos ao jardim e lá davam as orientações de como colocar a semente na terra. O filho deve estar agora ao seu lado, jogando vídeo game ou brincando com o cachorro, que provavelmente se chama Rex ou Bob. Mas e o livro?
Durante todos esses anos, a humanidade vem cultivando a idéia de que o homem precisa plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. A árvore você já deve ter plantado na escola, durante o primário, quando as “tias” (leia-se professoras) levavam os alunos ao jardim e lá davam as orientações de como colocar a semente na terra. O filho deve estar agora ao seu lado, jogando vídeo game ou brincando com o cachorro, que provavelmente se chama Rex ou Bob. Mas e o livro?
Depois que publiquei o meu primeiro romance policial, intitulado “Enigmas e Passaportes”, leitores não pararam de me perguntar se existe uma fórmula adequada para se escrever uma obra literária. Em todas as ocasiões, eu respondi que os textos não seguem regras ou leis, mas podem ficar melhor se algumas dicas forem colocadas em prática. Vamos a elas!
Antes de pegar o lápis e uma folha de papel, determine o público que você pretende atingir. Ele é normalmente dividido, pelas editoras, em infantil, juvenil e adulto. Reflita e não tenha pressa para fazer a escolha adequada.
Os grandes autores de nossa literatura sempre tiveram a preocupação de direcionar as suas obras. Monteiro Lobato, por exemplo, escreveu vários textos para crianças. Já Pedro Bandeira soube, como ninguém, atingir os adolescentes.
Depois de definir o público, a próxima etapa é encontrar uma idéia diferente, algo que ainda não exista em nossa literatura. Pode ser um personagem ousado, como fez Machado de Assis ao nos apresentar um narrador-morto em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Mais adiante, é necessário estabelecer uma linguagem adequada para ser utilizada na obra. Isso é fundamental para uma boa leitura do livro e também para garantir um volume de vendas considerável.
Não esqueça: pense no leitor e questione se ele vai entender o que está escrito. Pronto! Agora você está preparado para escrever as primeiras linhas. Mas, quando terminar a obra, leia e releia o texto, sem pressa. Veja se o conteúdo dele interessa ao leitor. Se a resposta for negativa, tranque o material numa gaveta e comece do zero. É melhor errar agora do que receber várias negativas e a obra não ser publicada.
(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Informações: www.rodrigocapella.com.br
Assinar:
Postagens (Atom)