Por que lemos pouco?
por Rodrigo Capella*
O brasileiro lê, em média, um livro por mês. Não se trata de uma
estatística precisa, mas sim de um número calculado após muita observação.
Justificando: o tempo para lazer é relativamente curto e as pessoas têm poucos
minutos para se dedicar á leitura e absorver os conhecimentos escritos, que
podem ir desde a uma palavra nova até curiosidades sobre a vida de personagem
históricos.
Pode-se também viajar ao Japão em poucos segundos e conhecer uma
cultura totalmente diferente; pode-se reviver a época de ouro dos Beatles;
pode-se sonhar com momentos maravilhosos num mundo cada vez mais agitado.
Nessa pressa de mundo globalizado, não é raro, portanto, encontramos
homens e mulheres olhando fixamente para o livro enquanto se penduram num ônibus
lotado ou devorarem páginas e páginas na sala de espera do dentista ou ainda
sentarem no banco da praça e dedicarem algum tempo do almoço para virar duas
páginas e interpretar algumas figuras.
O esforço é louvável, embora insuficiente. Na Europa, lê-se três livros
por mês, totalizando trinta e seis ao ano, um número bem expressivo perto da
marca brasileira que, quando muito, chega aos doze anuais. Eis a pergunta que,
infelizmente, precisa ser feita:
Por que o brasileiro lê pouco? A preguiça é o principal fator e,
normalmente, vem associada ao desinteresse pela leitura. Como desculpa, dizem
que o tempo para lazer é curto. A população e os críticos literários assimilaram
essa informação com tal força e sustentam como se ela fosse verdadeira,
enganando a todos e estagnando um processo vicioso. Dessa forma...
Está na hora de uma verdadeira revolução no mundo das letras, com
propostas, metas e ações bem definidas. O livro deve estar sempre ao lado do
abajur, na mesa da sala, do lado do computador, debaixo do braço. Ele, em poucas
palavras, deve ser incorporado ao cotidiano dos brasileiros.
Motivo: a leitura estimula a imaginação, auxilia o homem a buscar
soluções para os problemas do mundo e, de quebra, constrói um país de leitores,
característica que, infelizmente, anda muito em falta por aqui e dificilmente
será mudada. Por que?
A preguiça, conforme dito anteriormente, está enraizada no povo
brasileiro, que sonha em ser primeiro mundo, mas esquece que uma boa educação
começa na leitura do primeiro parágrafo de um livro, nas primeiras palavras de
um texto e na atitude de dedicar poucos minutos á leitura de livros
enriquecedores.
(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de vários livros, entre
eles Como mimar seu cão e Transroca, o navio proibido, que será adaptado para os
cinemas.