Este é o blog oficial do jornalista, assessor de imprensa, palestrante e escritor Rodrigo Capella

domingo

Escrever, escrever, ver..


Como escrever um livro?


Por Rodrigo Capella*


Inúmeros leitores entraram em contato comigo pedindo dicas para se escrever um livro. Em todas as ocasiões, respondi que os textos não seguem regras ou leis , mas que podem ficar melhor se algumas dicas forem colocadas em prática. Vamos a elas!


Antes de pegar o lápis e uma folha de papel, determine o público que você pretende atingir. Ele é normalmente dividido, pelas editoras, em infantil, juvenil e adulto. Reflita e não tenha pressa para fazer a escolha adequada. Uma decisão mal tomada no início do processo pode comprometer todo o resto do trabalho. Os grandes autores de nossa literatura sempre tiveram a preocupação de direcionar as suas obras. Monteiro Lobato, por exemplo, escreveu inúmeros textos para crianças.


Depois de definir o público, a próxima etapa é encontrar uma idéia diferente, algo que ainda não exista em nossa literatura. Pode ser um personagem ousado, como fez Machado de Assis ao nos apresentar um narrador-morto em Memórias Póstumas de Brás Cubas, ou um tema surpreendente, seguindo a linha do escritor Rubens Paiva, que narrou experiências pessoais em Feliz Ano Velho.


Como ter uma boa idéia? Olhe ao seu redor, observe os pássaros e perca alguns minutos estudando o jardim. Ela pode estar mais próxima do que você imagina. Que tal escrever sobre o Dia Mundial do Livro, comemorado no dia 23 de abril? Essa pode ser uma grande idéia.


Depois, defina a linguagem adequada a ser utilizada na obra. Isso é fundamental para uma boa leitura do livro e também para garantir um volume de vendas considerável. O Código Da Vinci, por exemplo, só fez sucesso porque utilizou essa estratégia.


Quando finalizar o livro, leia-o novamente, com imparcialidade. Veja se o conteúdo interessa ao leitor, questione mais uma vez se o público vai realmente entender o que está escrito. Se a resposta for positiva, selecione algumas editoras e envie o seu material. Em poucos meses, você terá uma resposta.


(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor de vários livros, entre eles "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer.

sexta-feira

Moments now!

Momentos como esse


Por Rodrigo Capella*


Luzes de Lindos Lábios,

Raios Tênues e Cristais,

Momentos de Desejada Dor,

Fantasias e Mágicos Sonhos.
És tão bela e insensata,

Carícias sem abraços,

Dores de belas canções,

Beijo, sensações.
Venero-a como uma flor,

Puras luzes obscuras,

Tua rara beleza.
Desejos como esse,jamais terei.

Pensar em você,não morro por quê?


(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Enigmas e Passaportes", "Transroca, o navio proibido" e "Como mimar seu cão". E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

domingo

Fuma, fuma, fuma....

Um escritor acima de qualquer suspeita

Rodrigo Capella*
Entre um cigarro de menta e outro, Jonas escrevia pequenos poemas em seu caderno úmido e manchado por patas de cachorro vira-lata. Desiludido com o mundo da literatura e segurando fixamente a caneta azul, o autor, que chegou a estar na lista dos mais vendidos, procurava se ocupar com pequenas narrativas poéticas, umas mais absurdas do que as outras. Simplesmente, faltava-lhe imaginação.
Largava o caderno, caminhava pelo pequeno corredor, voltava a apanhar o diário e largava-o poucos minutos depois. Jonas realmente estava deprimido e, em um ato fora do comum, abriu a porta e ganhou a rua, talvez em busca de curiosidades, talvez atrás de sonhos antigos ou simplesmente para sentir-se aliviado da "pedra", que insistia em bloquear o seu momento criativo. Já era tarde. O relógio, apertando o pulso esquerdo do escritor e deixando marcas, sinalizava onze e meia da noite.
Mas, Jonas caminhava freneticamente e passeava por parques, ruas pequenas e campos de futebol vazios e mal iluminados. O autor ia certamente em direção á ponte, só podia estar indo naquela direção. O vento forte e o chuvisco atrapalhavam a caminhada do escritor-esportista, mas Jonas enfrentava os obstáculos e os superava com firmeza. Cansado e tremulo, chegou ao destino, debruçando-se na ponte e ganhando força extra para correr até a outra extremidade da construção antiga. Fez isso durante alguns minutos, circulando por quase toda a pequena e singular cidade. Voltou pra casa, tomou um suco de acerola com menta, deitou-se na poltrona rasgada e lá dormiu desconfortavelmente durante horas.
Chegou até a sonhar com os tempos de sucesso literário, época em que fez fortuna e distribuía autógrafo em cada esquina. Acordou com uma pomba debatendo-se na janela, como se quisesse entrar na casa do autor. Jonas pensou, reclamou, mas acabou cedendo aos desejos do animal. A pomba branca e extremamente agitada sentiu-se á vontade na moradia e iniciou um belo passeio pelos corredores.
Jonas, em mais um ato fora do comum, abriu uma gaveta, pegou sua 38 preta e disparou um tiro contra a pobre pomba. Paredes manchadas, animal morto pelo chão e cheiro azedo impregnando cada canto da casa. Jonas observou a tudo isso e refletiu por alguns segundos. Pegou novamente a arma e a segurou com uma firmeza singular, cheirando a pólvora que insistia em sair do cano. Segundos depois, sentou-se numa cadeira posicionada na varanda, respirou fundo e apontou o objeto em direção a sua cabeça. Dormiu durante horas, dias e anos.
(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de vários livros, entre eles "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br

terça-feira

Snif! Snif!

Angústia do escritor

Por Rodrigo Capella*

Uma das maiores angústias do escritor é a de esperar pelo livro pronto. Depois de meses e meses, dedicando-se a escrever a obra, dando vida aos personagens e guiando-os mundo a fora, o autor depare-se com esse momento, muitas vezes caótico. Nessa etapa, tudo depende da editora. A revisão ortográfica, a disposição dos capítulos, a criação de um nome para o livro e a confecção das capas, em alguns casos muito simples e amadoras.

A nós, escritores, cabe apenas contar os minutos e fazer inúmeras ligações para a editora com o intuito de apressar o término da obra. Na maioria das vezes, o esforço é louvável, mas em nada adianta. A perda de tempo é imensa.

Vivo atualmente essa experiência com o meu quarto livro, a ser lançado em breve, no primeiro semestre desse ano. Vivi com o primeiro, segundo e terceiro. Certamente, viverei com o quinto. Não importa o gênero, a quantidade de páginas ou o tamanho da editora. Essa sensação é sempre a mesma e perdurará por um longo período.

O tempo passa, perco alguns fios de cabelos brancos e a data de lançamento do livro se aproxima. Leitores e amigos perguntam sobre o andamento da obra e dão sugestões. Eles querem participar! Mas, infelizmente, nada posso fazer. Tudo depende da editora. Acendo velas, faço orações, escrevo artigos e outros textos. Fumo cachimbo, sem mesmo gostar.
O humor piora, o período de insônia aumenta. Nervosismo! É como ter um filho: o coração dispara, a mão treme, o sorriso é alegre. Tal momento exige relaxamento profundo e convida-me para uma breve meditação.

Respiro fundo, reflito e relaxo. Em nada adianta, não consigo me desligar desse livro. Quando recebê-lo pronto, vou ler cada uma das páginas minuciosamente, ficarei emocionado com as ilustrações e, certamente, acharei tudo muito bonito e interessante. Respirarei aliviado. É sempre assim, exatamente desse jeito. Temos os mesmos sentimentos de angústia e quando conquistamos algo, ele se vai como se nunca tivesse existido.


(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor do livro “Transroca, o navio proibido”, que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br

sábado

História Inédita


Como conquistar as mulheres?

Por Rodrigo Capella*

Corria pelas estreitas calçadas de São Paulo rumo ao Parque do Ibirapuera. O calor era intenso e a camiseta vermelha fazia-me transpirar mais ainda, como se eu estivesse dentro de um caldeirão. Opa! Bem que podiam cozinhar uma loira junto comigo, de preferência sorridente, gostosa e acompanhada por uma latinha de cerveja.

Exibia o meu corpo atlético, conquistado após quinze anos de terapia ocupacional e seis meses assistindo diversos tipos de filmes, nacionais e estrangeiros. Pela primeira vez, sentia-me confiante, um verdadeiro Deus Grego. Mulheres de vários tipos olhavam pra mim, porém só as feias, que pareciam ter saído do Largo da Batata, é que mexiam comigo. Que maldição! Não devia ter malhado tanto.

- Nossa, que lindo - dizia uma delas.
- Queria um desse lá em casa - disparava a outra.

Ajeitava o cabelo, tirava o suor da testa e dava um sorriso. Que raiva, eu estava gostando daquele chamego. Mas, um solteiro como eu precisava de um bom partido. Continuei correndo! Pensava em muitas coisas: o pneu do carro furado, minha mãe rolando pelas escadas de incêndio, meu irmão passando mal após comer uma coxinha de calabresa.... Pensava em tudo, queria distância daquelas feiosas. "Saiam, saiam, antes que eu chame a carrocinha", disse alto, como se tivesse um megafone nas mãos.

Por falar em cachorro, não poderia esquecer de Brutus. Orelhudo e pulguento, o miserável miava em vez de latir. Miauuu-AU!! Ele chegou em casa com dois meses. Não, Brutus não veio sozinho, tive que buscá-lo no pet shop. Aos poucos, o pequeno animal foi adquirindo outras formas. Pica-pau roedor de móveis, rato comedor de queijo, lesma preguiçosa....

Um cão com crise de identidade? Era só o que faltava. Já bastava o dono. Tomei uma decisão drástica, uma das mais difíceis de minha vida. Por que não mimar o meu cachorro? Minha mãe fez isso comigo, por que não ia funcionar com o Brutus?

A primeira ação foi a de criar um site para ele. Optei pelo www.cachorrorebelde.au Afinal, ele precisava se acalmar um pouco e eu tinha que me ocupar. Qual o solteiro que não gosta de passar horas e horas na frente de um computador?

Aos poucos, Brutus se transformou. Os pêlos ficaram mais brilhantes, parecendo a peruca da Elke Maravilha. Seu rabo ganhou vida própria, achando que era um helicóptero.Brutus mostrou-se mais calmo, sorria várias vezes ao dia e até dava cambalhotas. Nossa, eu estava conseguindo mimar o cachorro.

Ainda rumo ao Parque Ibirapuera, eu corria, corria e as vozes das feiosas continuavam a me perseguir, aterroziando os meus pensamentos:

- Nossa, que lindo - dizia uma delas.
- Queria um desse lá em casa - disparava a outra.

Fingia que não era comigo e continuava correndo, sonhando, lembrando de quando mimava o Brutus. Depois de criar o site, comecei a assistir televisão com ele, mas Brutus não gostava de novelas brasileiras. Mudamos de canal, ele detestou as mexicanas e preferimos alugar alguns filmes . Depois de ver Os 101 Dálmatas, Brutus latia sem parar, levantava as patinhas e se mexia de um lado para o outro, mostrando-se um verdadeiro ator . Ele queria estar em Hollywood.

Mas, o danado continuava a comer o meu chinelo e achei que ele precisava de um pouco de música, talvez clássica. Optei pela quinta sinfonia de Beethoven. O cachorro se acalmava por alguns minutos, mas logo começava a roer tudo novamente. Eu devia ter dado a maçã da Branca de Neve pra ele.

- Nossa, que lindo - dizia uma das feiosas.
- Queria um desse lá em casa - disparava a outra.

Olhei para o lado e as mulheres estavam me seguindo. Nossa, que coisa maluca! Olhei para o chão e vi o Brutus. As feiosas estavam apontando para ele. Ufa! Fiquei bastante contente. Aqueles elogios eram para o Brutus e não pra mim. Deus, obrigado por ter criado os cachorros.

(*) Rodrigo Capella é escritor, jornalista e poeta. Autor de vários livros, entre eles "Como Mimar Seu Cão" e "Transroca, o navio proibido". Pretende se livrar do Brutus, mas está indeciso. Afinal, nada melhor do que o "melhor amigo do homem" para salvar o escritor dos apuros. E-mail: contato@rodrigocapella.com.br

terça-feira

Voltamos...2007...aeeee...

Como conquistar leitores?

Por Rodrigo Capella*

Esse será, com certeza, o grande desafio do mercado editorial no ano de 2007. Para superá-lo, inúmeras propostas têm sido debatidas nos diversos ambientes literários, mas uma em especial merece comentários, por ser a mais plausível.

Trata-se da imediata inclusão de atitividades editoriais no ambito escolar e universitário, tais como visitas frequentes ás editoras para acompanhamento da diagramação e para a observação da rotina de trabalho dos profissionais que fazem os escritos virarem obras, algumas até clássicas. Tal proposta, muito comum em país de primeiro mundo, aguçaria a curiosidade dos pretendentes a leitores e seria um trampolim para que eles mergulhassem nas histórias, dos mais diversos gêneros. O mecanismo é simples, mas, infelizmente, esbarra-se em questões burocráticas, conservadoras e governamentais. Por isso, precisamos nos inspirar em Policarpo Quaresma, que incansavelmente buscou um Brasil melhor e mais humano. O momento é esse!

Justificando: o mercado editorial só estará contribuindo para um avanço na educação brasileira se o número de leitores aumentar. Caso contrário, ele perderá uma de suas principais funções. O livro precisa, portanto, ser um companheiro do abajur, da mesa do computador e da pia do banheiro. Ele, em poucas palavras, deve, o quanto antes, ser incorporado ao cotidiano brasileiro.O resultado dessa ação será, facilmente, medido por meio de pesquisas junto aos novos leitores, que abordariam a quantidade de livros lidos antes e depois da implantação das atividades editoriais no currículo escolar e universitário. Mas, também com base na análise das vendas das livrarias.

Quem gostar de um livro, vai certamente comprar outro, seja de um mesmo autor ou de um mesmo gênero. Provaremos, com isso, que o deficit de leitura existia porque faltavam incentivos aos leitores. Vamos mudar esse quadro. O ano de 2007 está apenas apenas começando e tem tudo para ser um período de otimismo para nossa literatura.

(*) Rodrigo Capella é escritor e poeta. Autor do livro "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br