Eu prefiro ficar em casa, cuidando do meu cachorro, a enfrentar fila e votar nessas eleições. Em um país como o Brasil, o voto definitivamente não poderia ser obrigatório. Vivemos numa democracia ou numa escravidão eleitoral? Abraços a todos. Au! Au!
sábado
terça-feira
Loucura, loucura........
Loucuras de um escritor
Por Rodrigo Capella*
Entre um cachimbo e outro, Jonas escrevia pequenas frases em seu diárioúmido e manchado por patas de cachorro. Desiludido com o mundo da literaturae com as mãos fixas na caneta, o autor, que chegou a estar na lista dos maisvendidos, procurava se ocupar com pequenas histórias, umas mais absurdas doque as outras. Faltava-lhe imaginação, faltava-lhe elementos para seconstruir uma boa narração.
Largava o diário, caminhava pelo pequeno corredor, voltava a apanhar ocaderno, largava-o poucos minutos depois. Jonas realmente estava deprimidoe, em um ato fora do comum, abriu a porta e ganhou a rua, talvez em busca decuriosidades, talvez atrás se sonhos antigos ou simplesmente para respirarum pouco. Já era tarde. O relógio, apertando o pulso esquerdo e deixando marcas,sinalizava onze e meia da noite. Jonas caminhava freneticamente. Passava porparques, ruas pequenas, campos de futebol. O autor ia em direção á ponte, sópodia estar indo naquela direção.
O vento forte e o chuvisco atrapalhavam acaminhada, mas Jonas enfrentava os obstáculos e os superava.Cansado e tremulo, Jonas chegou ao destino, debruçou-se na ponte iluminada eantiga, ganhou força extra e saiu correndo até a outra extremidade daconstrução. Fez isso durante alguns minutos e horas, circulando por quasetoda a pequena e singular cidade. Voltou pra casa, tomou um suco de acerolacom menta, deitou-se na poltrona rasgada e lá dormiu desconfortavelmentedurante horas, chegou até a sonhar com os tempos de sucesso literário. Acordou com uma pomba debatendo-se na janela, como se quisesse entrar nacasa do autor.
Jonas pensou e acabou cedendo. A pomba branca e extremamente agitadasentiu-se á vontade, como se tivesse a companhia de outras. Pegava o diáriodo autor, percorrida os corredores e rapidamente largava o caderno. Jonas,em mais um ato fora do comum, abriu uma gaveta, pegou sua 38 e disparou umtiro contra a pobre pomba. Paredes manchadas, animal morto pelo chão e cheiro impregnando a casa. Jonasobservou tudo isso e refletiu por alguns segundos. Pegou a arma e a seguroucom uma firmeza singular. Mirou em direção a sua cabeça e sentou na cadeira.Lá, dormiu durante horas, dias e anos.
(*) Rodrigo Capella, 25 anos, é escritor, poeta e jornalista. Autor devários livros, entre eles “Transroca, o navio proibido”, que vai seradaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer.
sexta-feira
Poema de um amigo
Publico abaixo o poema de um amigo, que, infelizmente, prefere dançar forró a escrever poesia. Digo infelizmente pois seus versos são sensacionais e merecem ser lidos. Com vocês, os versos de David Gomes:
Eu Também...
Se te fiz chorar,
me perdoa,
Cada lágrima sua,
está na minha face também,
Se te fiz tristeza,
não se magoe,
Cada olhar vago seu,
o meu se perde também,
Se te fiz chateada,
me desculpe,
Cada pesar seu,
é meu também,
Se te fiz ferida,
cuida-se,
Cada ferida sua,
me arde também,
Senão te carinhei,
me considere,
Cada carinho ausente,
carente fiquei também,
Senão beijei,
não sinta falta,
Cada sonho,
te tive também,
Se te fiz sorri,
se lembre,
Cada sorriso seu,
meus lábios tem também,
Se te fiz suspirar, se alegre,
Cada suspiro,
provei também,
Se te fiz saudades,
esquece,
Cada instante,
sua falta tive também.
sábado
A pedido de meus amigos, republico o poema Atitude:
Atitude
Rimar faz mal,
coitado do poeta,
que por qualquer razão,
quer ligar, rimar, juntar.
Prefiro versos soltos,
pequenos e grandes,
cheios de gentes,
cantantes, falantes, antes.
Porra! O que eu faço?
versos e rimas,
narro fatos.
Reflito o momento,comento,
assuntos assim,
não vejo essência,
em fazer versos pra mim.
*Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Autor de diversos livros, entre eles "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para o cinema pelo diretor Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br
Meu cachorro é tarado por petisco.................................
Por Rodrigo Capella*
Uísque seria um cãozinho normal, se não fosse o seu incrível desejo de experimentar novos petiscos. Queijo, presunto, salame, mortadela. Não importa o sabor. Uísque é tarado por salgados e fica bravo quando Juliana, sua dona, passa muitos dias sem oferecer esses alimentos deliciosos.
O vício é tanto que o cãozinho não economiza seus truques a la Harry Potter para chamar a atenção de Juliana e ganhar o grande prêmio, um petisco. Ele faz de tudo. Destrói as meias, lambe o sofá e, de quebra, morde a bunda do carteiro, deixando marcas. Juliana fica envergonhada, pede desculpas, mas o carteiro não responde; sabe que isso ainda vai acontecer muitas vezes.
No fim do dia, um pouco antes do jantar, a pequena menina sempre acaba perdoando o cachorro e leva o pulguento para passear numa praça bem arborizada. Lá, observa um rapaz, atlético e sem camisa, que acena com uma das mãos. É Marcelo, um antigo namorado de Juliana. Terminaram há dois meses e a atração entre eles é muito grande.
O motivo da separação é, aparentemente, banal, mas pode ser facilmente compreendido. Após ir ao cinema e assistir o Código Da Vinci, a pequena menina convidou o namoradinho para entrar em casa e, quando abriu a porta, encontrou tudo destruído. Uma onda gigante parecia ter entrado na casa. Juliana olhou para Uísque, que estava escondido atrás da porta, louco por um petisco. Marcelo, que não arruma nem o quarto dele, saiu correndo, sem rumo, sem direção. Depois desse episódio, eles nunca mais se viram.
Juliana e Uísque continuaram a andar pela praça. Mendigos pediam dinheiro, pessoas andavam de bicicleta e um rapaz vendia bolinho de queijo. O cheiro rapidamente entrou nas narinas de Uísque. O cãozinho soltou-se da coleira e correu em direção ao carrinho, como se estivesse no cio atrás de uma cadelinha. O que se viu a partir daí foi um verdadeiro show de horror. Uísque lambeu o vendedor, derrubou o carrinho e comeu quase toda mercadoria. Juliana não tinha dinheiro para pagar o prejuizo e teve que chamar os país. A pequena menina e o cãozinho acabaram trancados num canil e, se não fosse a mãe dela ter remorso, dormiriam a noite lá, ao relento, passando frio e fome.
Mas, essa não foi a situação mais absurda que Juliana viveu. Ela se lembra de outras. Uísque, num belo dia, decretou greve de fome. O motivo dessa travessura: ele não recebeu petiscos durante quase uma semana. Juliana indignou-se e não teve dúvida: ignorou o cãozinho, que acabou triste e doente. A menininha mostrou-se arrependida e abraçou Uísque, como se ele fosse um ursinho de pelúcia bem peludo. No dia seguinte, o cachorrinho ganhou uma grande caixa de petiscos e abanou o rabo durante três horas.
Juliana lembra-se de muitas histórias protagonizadas por Uísques, algumas até estão anotadas no diário da menininha, que dá muitas risadas quando se lembra dos fatos. No último Carnaval, a dupla dinâmica viajou para Florianópolis, onde a tia de Juliana tem uma casa enorme, com piscina, piano e bananeira.
Quando chegou ao jardim, Uísque, não titubeou, e rapidamente comeu as rosas vermelhas, que estavam lindas e cheirosas. A tia de Juliana berrou longamente e Uísque correu para se esconder debaixo da mesa. O motivo dessa travessura: ele não recebeu petiscos durante quase uma semana.
Depois de todas essas esquisitices, Juliana aprendeu a lição: o Uísque deve comer petisco todos os dias, senão ele fica louco e comete maluquices, inexplicáveis até mesmo para a ciência canina. A pequena menina sabe também que todos os cães, assim como os homens, têm defeitos e que esses devem ser respeitados para que a convivência fique cada vez mais harmoniosas e saborosas, assim como os petiscos. Hum...
(*) Rodrigo Capella é escrito, poeta e jornalista, autor de vários livros, entre eles "Como mimar seu cão" e "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para o cinemas. E-mail: contato@rodrigocapella.com.br
segunda-feira
XXXXXXXXXXXXXXXX
Calado
Por Rodrigo Capella*
Trovões, mundo aqui
Não quero dizer,
Não vou pensar,
Me deixe, quero calar!
Adormecida estás,
Entorno da ilha,
Querendo gritar,
Ao som de uma gralha.
Fogo cruzado,
Amor desgastado,
Estou aqui,
Por enquanto, calado.
(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Informações: www.rodrigocapella.com.br
Por Rodrigo Capella*
Trovões, mundo aqui
Não quero dizer,
Não vou pensar,
Me deixe, quero calar!
Adormecida estás,
Entorno da ilha,
Querendo gritar,
Ao som de uma gralha.
Fogo cruzado,
Amor desgastado,
Estou aqui,
Por enquanto, calado.
(*) Rodrigo Capella é poeta, escritor e jornalista. Informações: www.rodrigocapella.com.br
Assinar:
Postagens (Atom)